L U T A S e m p a u t a ...: Condições de trabalho das mulheres - nada a comemorar!
VEJA ARTIGO - Autogestão e relações de mercado capitalistas: autonomia ou adaptação?

08 março 2006

Condições de trabalho das mulheres - nada a comemorar!

Em todo o mundo, fábricas e empresas de todos os setores, para aumentar seus lucros preferem empregar a mão-de-obra feminina e jovem por esta ainda ser mais barata. Hoje mesmo, podemos ver na Folha de São Paulo que das vagas de emprego criadas em 2005 na região metropolitana de São Paulo, 60,4% das vagas foram ocupadas por mulheres.

Isto é bom? Talvez, não fosse pelo fato de que em 2005 o salário médio que receberam foi R$454 menor que o pago aos homens. É melhor que estar desempregada? Certo que sim, mas nos códigos trabalhistas, nos acordos coletivos não está previsto que o trabalho da mulher vale menos. E porquê nosso governo não sanciona as empresas que descumprem as leis? Ora, porque estão a serviço dos capitalistas. E nós, ficamos quietas? Não, a briga já começa no sindicato, se também faz vista grossa.

A situação é ainda pior na fronteira do México com os EUA, onde existem as maquiladoras - fábricas com os maiores níveis de exploração dada a localização em zonas onde os direitos trabalhistas não são respeitados e a mão-de-obra é abundante e barata – onde mais da metade dos empregados são mulheres entre 15 e 20 anos que ocupam a função de operárias com os menores salários do continente, enquanto os homens ocupam os cargos administrativos. São demitidas ao engravidarem e não podem usufruir do direito à licença-gestante.

Em alguns casos são submetidas ao testes de gravidez como parte dos critérios de seleção. Muitas, por serem imigrantes ilegais, sofrem todo tipo de violência, desde o assédio moral até o sexual, em troca da conivência do empregador com sua situação para continuar trabalhando. Portanto, sofrem a violação tanto dos direitos trabalhistas quanto dos direitos humanos.

Isto é resultado da decadência do sistema capitalista que ao mesmo tempo em que pressiona para desrregulamentar os direitos trabalhistas até voltarmos à escravidão, também reduz postos de trabalho, garantindo um exército de desempregados em crescimento e cada vez mais desesperado e sujeito a qualquer condição para trabalhar. Numa situação como esta, que também ocorre no resto do mundo, só a luta no sentido contrário pode ajudar.

Não ajuda a posição daqueles que, dando-se por vencidos pelo sistema que joga a humanidade na sarjeta, passam a propor como solução a regulamentação da exploração sexual de mulheres sejam elas operárias, seja as universitárias. São estes intelectuais e partidos burgueses que passam a defender a regulamentação da prostituição como emprego.

Há também movimentos da esquerda e os ditos feministas que o defendem, numa demonstração clara de que também abandonam a luta. Hahhh, mais elas gostam! Talvez porque não seja tão ruim quanto morrer doente de fome ou estar sujeita a condições de vida onde a miséria, o desespero, o álcool e as drogas criam situações de violência doméstica em que ela e seus filhos são vitimados. Ter que depender de um marido ou pai que a humilha e espanca. Pergunte se ela não preferiria ser uma médica, uma advogada, uma artista plástica ou uma servidora pública concursada?