L U T A S e m p a u t a ...: Ocupação de fábrica em Caieiras (SP)
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13 fevereiro 2007

Ocupação de fábrica em Caieiras (SP)

Os 118 trabalhadores da Ellen Metalúrgica e Cromeação LTDA, localizada em Caieiras (SP), ocuparam a fábrica na última sexta-feira, dia 02/02, para defender seus postos de trabalho e direitos trabalhistas.

A decisão foi tomada em assembléia na porta da fábrica, após a recusa dos proprietários da empresa em atender a pauta de reivindicação dos trabalhadores apresentada na rodada de negociação realizada na mesma tarde com a Comissão de Fábrica e Sindicato dos Metalúrgicos de Cajamar.

Em greve desde segunda-feira, 29/01, com piquetes na porta da fábrica, os trabalhadores exigem:

• Nenhuma demissão e 12 meses de estabilidade para todos os funcionários;
• Pagamento dos salários, 13º, depósito FGTS e INSS atrasados;
• Repasse do Imposto de Renda à Receita Federal, que foi recolhido e não repassado;
• Abertura das contas fiscais da empresa;
• Reconhecimento da Comissão de Fábrica.

Clique aqui para assinar a moção de apoio à pauta de reivindicação dos trabalhadores da ELLEN e a luta pela estatização sob controle operário.


Entenda a situação:

A Ellen é uma empresa metalúrgica que produz materiais de autopeças (divisão automotiva) e peças para filtros de água, bebedouros e torneiras (divisão de água). Está instalada na cidade de Caieiras (região metropolitana de São Paulo) há décadas e chegou a ser um exemplo de produtividade.

Mas, desde 2004, os proprietários começaram a liquidar com o patrimônio da empresa. Deixaram de depositar o FGTS e INSS, apropriam-se indevidamente do Imposto de Renda descontado da folha de pagamento e não pagam corretamente os salários dos funcionários.

No dia 26/01 de 2007, os patrões dispensaram todos os trabalhadores do setor de água, apenas informando para que voltassem a trabalhar quando fosse depositado o salário na conta bancária.

Uma semana antes, a empresa concedeu férias coletivas a todos os 40 trabalhadores do setor de autopeças, sem ao menos entregar o aviso oficial. Há três meses os trabalhadores não recebem os salários e o 13º também ainda não foi pago.

A empresa justificava a dispensa dos trabalhadores, o não pagamento dos salários e não recolhimento dos encargos trabalhistas com o argumento de que a fábrica passa por dificuldades financeiras e que novos investidores iriam assumir as fábricas.

Entretanto, não há qualquer relação de confiança entre os trabalhadores e a direção da empresa e os novos investidores, conforme descrito na carta direcionada ao Presidente Lula pelos operários da ELLEN.


Ocupação para defender os empregos

Os proprietários da Ellen não só recusaram a pauta de reivindicação apresentada pelos 118 trabalhadores como propuseram “negociar” o fim da greve com a demissão de 30 funcionários.

Rechaçada por unanimidade na assembléia realizada na porta da fábrica na sexta-feira, dia 02/02, os operários, junto com o Sindicato dos Metalúrgicos de Cajamar, decidiram ocupar a fábrica para impedir que nenhum maquinário seja tirado da empresa. A luz da empresa foi cortada na quinta-feira, por falta de pagamento.

A ocupação foi apoiada pelos operários da Cipla, Interfibra e Flaskô (fábricas ocupadas há 4 anos), que foram procurados pelos trabalhadores da Ellen uma semana antes da deflagração da greve. A Comissão de Fábrica indicou o advogado da Cipla, Chico Lessa, para ser o advogado dos trabalhadores da Ellen, que já apresentou aos patrões uma petição para repassar o controle da fábrica aos operários. Várias entidades e movimentos populares estavam presentes no dia da ocupação.

Neste final de semana os operários e apoiadores estão em vigília na fábrica e coletando assinaturas de apoio à moção que pede que o Governo Lula estatize a fábrica, mantendo-a sob controle operário, para que ela tenha condições de continuar produzindo, já que as dívidas fiscais e trabalhistas deixadas pelos patrões são milionárias, o que pode inviabilizar a manutenção dos postos de trabalho.